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Alzheimer: Quais os sintomas e como evolui a doença que afeta Ricardo Salgado?

11 Jan 2024 - 10:14

Alzheimer: Quais os sintomas e como evolui a doença que afeta Ricardo Salgado?

A doença de Alzheimer ganhou destaque mediático esta semana, quando foi noticiado que um relatório de uma perícia do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) levanta dúvidas sobre um possível exagero dos sintomas da doença por parte de Ricardo Salgado.

Segundo o relatório citado por vários órgãos de comunicação social, os peritos confirmaram, contudo, que o quadro clínico do ex-presidente executivo do Banco Espírito Santo “cumpre os critérios definidos” pela Organização Mundial de Saúde para a “demência devido à doença de Alzheimer”.

Mas, afinal, o que é a doença de Alzheimer? Quais os sintomas? Como evolui a doença? Há tratamento? Em declarações ao Viral, o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia, Rui Araújo, esclarece todas as questões.

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O que é a doença de Alzheimer? Quais os sintomas?

Rui Araújo começa por explicar que a doença de Alzheimer é “a principal doença neurodegenerativa”. Por outras palavras, é uma doença “que vai provocando a morte de alguns neurónios” até se começar a manifestar em sintomas como problemas de memória.

No site da Organização Mundial da Saúde (OMS), escreve-se que a doença de Alzheimer é “a forma mais comum de demência e pode contribuir para 60-70% dos casos”.

Segundo o neurologista consultado pelo Viral, a doença “caracteriza-se, habitualmente, por um defeito de memória, sobretudo de memórias mais recentes”. Ou seja, numa fase inicial, a pessoa tem dificuldade em lembrar-se “de informação que recebeu naquele dia ou naquela semana”.

Depois, com a evolução da doença, “a pessoa pode ter dificuldades em termos de orientação temporal (não saber bem o dia ou ano em que está), em orientar-se no espaço, em fazer o seu trajeto habitual, em executar raciocínios simples e em fazer tarefas do dia a dia”.

Com o tempo, admite o especialista, “a doença pode ir progredindo a ponto de condicionar alterações do andar e alterações da fala até poder condicionar um grau de dependência muito elevado”.

Como evolui a doença?

A evolução da doença de Alzheimer “depende muito de pessoa para pessoa”, começa por explicar Rui Araújo, acrescentando que esta é uma doença “muito heterogénea, isto é, cada pessoa tem a sua manifestação de doença”.

Por isso, aponta, “é difícil nós prognosticarmos e dizermos qual vai ser a velocidade daquela situação”.

“Tanto temos pessoas que evoluem de forma muito lenta, ao longo de muitos anos ou décadas, como, infelizmente, temos pessoas que num curto espaço de tempo – um, dois ou três anos, por exemplo – podem ficar muito incapacitadas”, sustenta.

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O especialista esclarece que a demência é classificada, regra geral, em três estadios: ligeiros, moderados ou severos.

Assim sendo, a doença evolui dos “estadios iniciais, em que a pessoa tem poucos sintomas e a limitação é muito pouco significativa, até estadios mais avançados, em que a pessoa está muito dependente de terceiros para praticamente tudo o que são atividades do dia a dia”.

Numa fase inicial ou pré-sintomática “a pessoa praticamente não tem queixas nenhumas ou, se tem, são pequenos lapsos que até pode nem valorizar no início”.

Depois, o doente pode passar a ter alguma “limitação em alguma tarefa mais importante ou mais difícil de fazer, mas, regra geral, ainda mantém um grau de autonomia e um grau de orientação que lhe permite fazer a maior parte das coisas”.

Nos estadios moderados, “já existem limitações mais significativas”, tais como “dificuldades em orientações em espaços simples e em tarefas do dia a dia mais simples, nomeadamente vestir-se, tomar banho, saber que é hora de comer, etc.”.

Quando a doença chega aos estadios mais severos, “a pessoa está completamente dependente de terceiros para tudo, até para as tarefas simples do dia a dia, como alimentar-se, vestir-se, sair da cama e ir à casa de banho”.

Como evitar a progressão da doença?

Apesar de admitir que, “nos dias de hoje, começam a surgir alguns tratamentos que parecem ser promissores”, Rui Araújo lembra que, neste momento, não existe um tratamento ou uma cura para o Alzheimer.

“Infelizmente, os tratamentos que existem são sintomáticos, ou seja, servem para tratar os sintomas, como as dificuldades de memória e do raciocínio, que as pessoas podem melhorar com a medicação”, clarifica.

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No mesmo sentido, o neurologista sublinha que “o principal fator para evitar a progressão da doença é a pessoa ter os fatores de risco vasculares controlados”. Isto significa controlar “a hipertensão, a diabetes, os açúcares e manter-se ativa do ponto de vista físico e mental”.

No fundo, conclui, “corrigir tudo o que pode dar uma má saúde geral ou física também protege a parte cerebral”.

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Neurologia

11 Jan 2024 - 10:14

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